Diferença salarial entre homens e mulheres aumenta em cargos com especialização

Mulheres chegam a ganhar 52% a menos do que homens que exercem a mesma função.

É preciso estar sempre atenta: a busca por equilíbrio salarial entre gêneros não está terminada. Uma recente pesquisa realizada pela Catho mostra que mesmo em cargos de liderança, como gerentes e diretoras, as mulheres chegam a ganhar 39% a menos do que os homens.

Tal desigualdade se repete também em outros níveis hierárquicos, como coordenadora (-15%), especialista graduada (-34%), analista (-35%), especialista técnica (-19%) e operacional (-13%). A única posição em que mulheres costumam receber mais é a de assistente (2%).

Quando analisada por recorte de níveis de escolaridade, a amostra fica ainda mais desigual. Mulheres com pós-graduação, MBA ou especialização chegam a receber 47% a menos em relação a homens com os mesmos títulos. E na formação superior, essa diferença alcança 42%.

Esses dados de crescimento da desigualdade entre os gêneros são um alerta, principalmente porque interrompem um período de sete anos em queda. Um estudo encomendado pela Agência Brasil e realizada pela Quero Bolsa mostrou que de 2011 a 2018 a diferença salarial tinha reduzido de 63,98% para 44,7%. No ano passado, porém, essa taxa voltou a subir para 47,24%.

O estigma da maternidade

A principal causa da desigualdade de gênero no mercado de trabalho é a maternidade. De acordo com a pesquisa Panorama: Mulheres no mercado de trabalho da Catho, os impedimentos que responsabilizam à mulher nos cuidados com os filhos geram discriminação e pesam a balança, refletindo numa menor remuneração salarial.

Dados de 2018 mostram que, dentre principais conflitos enfrentados pelas mães está o receio de faltar ao trabalho caso os filhos adoeçam (48%). Além da preocupação de ter que pedir para chegar mais tarde para ir a uma reunião escolar (24%) ou atrasar devido a exaustão da rotina (10%).

Segundo a mesma pesquisa, 47% das mães já abriram mão de algumas oportunidades de empregos melhores e de promoções porque sabiam que teriam dificuldade de conciliar filhos e vida profissional.

O prejuízo é de toda a sociedade

Esse cenário desigual provoca perdas econômicas sobre toda a sociedade. Em 2015, um levantamento do Instituto McKinsey Global calculou que a equidade de gêneros poderia acrescentar até US$ 12 trilhões ao PIB mundial em 2025, caso todos os países alcançassem o ritmo dos mais igualitários de suas regiões. 

O Fundo Monetário Internacional já reportou sobre as consequências de uma possível ascensão profissional feminina em nível mundial. O resultado é que mulheres mais fortes financeiramente tomam decisões financeiras mais inteligentes que repercutem na educação e na saúde da família. E a realização de um potencial econômico pleno por parte das mulheres ocasionaria em menos pobreza, mais crescimento econômico e redução da desigualdade.

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