Quem assistiu o primeiro A Família Addams, de 1991, — e cresceu o revendo na Sessão da Tarde — não pode se conformar com uma Wandinha. Assisti à série até o fim, mas sempre me queixando de que era ruim. A Netflix tem estragado as coisas assim (não vou nem tocar no assunto Persuasão), criando histórias fáceis e pegajosas, contado com a nossa falta de coisa mais importante para fazer ou com a necessidade de desanuviar.
As pessoas com quem conversei não se importaram muito. Acharam a história legal, a atriz muito boa e a dança, o ponto alto (!!!) da série. Eu achei a história cheia de buracos, pouco humor ácido realmente engraçado, uma atuação de Jenna Ortega muitas vezes forçada e uma dança sem grandes emoções (por favor, lembrem-se disso). O ponto alto da série, pra mim, foi a descoberta de quem era o monstro, apesar da volta que demos e dos buracos que pulamos para chegar lá.
[Aviso: A PARTIR DAQUI CONTÉM SPOILERS]
Eu gostei da Vandinha e amei a relação dela com Enid, Eugene, Xavier, Bianca e Larissa – foi isso o que me carregou até o fim e criou uma base para ser desenvolver as aventuras das próximas temporadas — mas fiquei muito confusa com o desenvolvimento da trama principal e dos personagens antagônicos. Como explicar que o Tyler do picnic à meia-noite na tumba de Murray McArthur é o mesmo Tyler após a descoberta da identidade do monstro na delegacia? TDI? E a participação de Cristina Ricci como vilã? Porque foi apenas uma participação, ela sumiu tão rápido e tão leve quanto surgiu, assustando menos do que fazendo rir.
Afe. Escrevo esse texto apenas para deixar registrado que tive de adicionar mais uma frustração à pilha de frustrações netflixianas. Como consolo — sugiro também para quem se sentir da mesma forma — tentarei esquecer essas quase oito horas com os filmes Addams (de humor ácido e mórbidos de verdade) de Berry Sonnerfeld, A Família Addams e A família Addams 2.